A morte quando chega vem misteriosamente e com um ar cinzento, triste e sem nenhum estimulo. É uma sensação muito ruim de perda, talvez seja uma das piores que podemos sentir - e são muitas. Lembro-me de uma morte, na verdade de duas que presenciei nenhuma comparada, mas ambas cinzentas.
Lembro-me que era pequena e que ninguém queria a morte da pessoa mais
querida, me lembro de que chovia muito forte e mesmo assim as pessoas estavam
esperando o caixão baixar, me lembro de seus rostos melancólicos e desesperadores,
me lembra da dor e de como cada um sofria de modo diferente, mas em um todo
isso os unia em sofrimentos iguais.
E o que passou na cabeça de cada uma? A perda é dolorosa mesmo, não
é?!Só sei que quis ir junto, me jogar e ficar lá, ir junto mesmo não conhecendo
muito a pessoa que se fora. E depois todos foram embora, tempos depois à chuva
tinha parado e mesmo assim as coisas que sentiam não tinha se acalmado.
E me lembro dos sonhos que reconfortaram, do pensar em um lugar maravilhoso
- isso sempre acontece.
Já na outra morte, as coisas não pareciam reais o bastante para se
sentir, mas todos estavam lá, não muito desesperados, mas estavam tristes por
uma perda tão pequena, que trouxe alguns danos e para algum algo grande o
bastante para que o choro fosse a terrível sensação do momento.
E lá estavam todos reunidos e tristes, estranhando o momento, mas
quando o desespero veio para aqueles que estavam sofrendo mais, foi como se o
tempo tivesse parado, só sei que via tudo indo e que continuei parada no tempo,
vendo o quanto sofriam, o quanto não queriam, e todos se foram, fui a ultima a
sair, mas segui a multidão e o momento estava tão triste e logo que acabou um
vento forte atingiu a todos um pouco de conforto. E mesmo assim todos seguiram
em frente com o coração dolorido por uma perda tão triste, vazia e sem nenhum
estimulo.
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